Desinformação é apontada pela Unesco como maior ameaça global a partir de 2025
Em um relatório recente que vem gerando amplo debate internacional, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou que a desinformação será o principal risco enfrentado pela humanidade nos próximos anos.
A avaliação surpreende ao posicionar a propagação de informações falsas acima de desafios globais já conhecidos, como as mudanças climáticas e o terrorismo.
A entidade afirma que o impacto da desinformação sobre as sociedades modernas é profundo e crescente. De acordo com o estudo, a capacidade de manipular e distorcer fatos por meio de redes sociais, aplicativos de mensagens e plataformas digitais tem provocado uma crise de confiança sem precedentes. Instituições públicas, imprensa, ciência e sistemas democráticos estão entre os principais alvos desse fenômeno.
“A desinformação é uma ameaça invisível, mas poderosa. Ela desestabiliza democracias, enfraquece respostas a emergências e compromete o futuro das novas gerações”, declarou Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco. Ela reforçou que a disseminação de conteúdo falso tem se tornado uma ferramenta perigosa nas mãos de grupos extremistas, agentes políticos e até mesmo governos.
O papel das plataformas digitais
O relatório destaca o papel central das grandes empresas de tecnologia na intensificação da crise informacional. Plataformas como redes sociais e mecanismos de busca têm sido utilizadas para espalhar boatos, manipular narrativas e viralizar conteúdos enganosos. A lógica dos algoritmos, que privilegia o engajamento em vez da veracidade, é um dos fatores apontados como responsáveis por tornar a desinformação mais influente do que nunca.
Além disso, a Unesco alerta para a sofisticação dos métodos utilizados. Ferramentas de inteligência artificial, como deepfakes e bots automatizados, têm sido empregadas para criar e divulgar conteúdos falsos com aparência de credibilidade. A combinação entre tecnologia avançada e a facilidade de acesso à informação cria um cenário propício para a desorientação da opinião pública.
Consequências e riscos associados
Embora outras ameaças globais, como a crise climática e a violência extremista, continuem sendo motivo de preocupação, o relatório enfatiza que a desinformação atua como um elemento multiplicador desses problemas. Ao confundir a população e desacreditar especialistas e autoridades, ela dificulta a implementação de soluções eficazes.
Um exemplo citado é o combate à crise ambiental. A disseminação de teorias da conspiração sobre mudanças climáticas e a negação científica têm atrasado políticas públicas essenciais e reduzido o engajamento da população. O mesmo ocorre em momentos de crises sanitárias, como foi observado durante a pandemia de COVID-19, quando notícias falsas sobre vacinas colocaram em risco milhões de vidas.
Propostas e caminhos possíveis
Para enfrentar esse desafio, a Unesco propõe uma abordagem global, coordenada e multidisciplinar. O relatório recomenda que governos, empresas de tecnologia, organizações não governamentais e instituições educacionais atuem em conjunto para mitigar os efeitos da desinformação.
Entre as ações sugeridas estão o fortalecimento da educação midiática e digital, a transparência nos algoritmos de recomendação de conteúdo, e a criação de mecanismos de regulação mais eficazes para as plataformas online. Também é enfatizada a importância de incentivar o jornalismo profissional e o acesso à informação confiável.
“A alfabetização midiática deve ser tratada como prioridade em todo o mundo. É preciso ensinar as pessoas a identificar fontes confiáveis, questionar conteúdos duvidosos e desenvolver pensamento crítico”, ressaltou Azoulay.
Um desafio do século XXI
Com esta nova classificação da desinformação como o maior risco global, a Unesco chama atenção para um dos grandes dilemas contemporâneos. Em um mundo cada vez mais digital, a luta pela verdade e pelo conhecimento confiável se transforma em uma prioridade urgente. Ignorar essa realidade, segundo o órgão, pode ter consequências graves para a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável das nações.
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