Alexandre de Moraes é alvo de processo nos Estados Unidos por empresas ligadas a Trump
O ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), foi citado em uma ação judicial protocolada nos Estados Unidos pelas empresas Trump Media & Technology Group e Rumble Inc., ambas associadas à ala conservadora norte-americana. O processo questiona decisões judiciais tomadas no Brasil no âmbito do chamado “inquérito das fake news”, sob responsabilidade de Moraes, alegando que elas extrapolam fronteiras nacionais e violam a liberdade de expressão garantida pela legislação americana.
De acordo com os autores da ação, o inquérito conduzido por Moraes estaria sendo usado de forma abusiva para restringir a atuação de plataformas digitais e silenciar vozes críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O processo afirma que há uma perseguição sistemática a opositores políticos do atual governo brasileiro, com ordens judiciais que incluem remoção de conteúdos, bloqueio de contas e exigência de dados de usuários.
Rumble e Trump Media sustentam que, por serem empresas sediadas nos Estados Unidos, não deveriam estar sujeitas a decisões judiciais brasileiras que interfiram diretamente em seus serviços, usuários ou infraestrutura digital. Para elas, tais medidas representam uma afronta à soberania norte-americana e aos princípios constitucionais de liberdade de expressão, protegidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
Contexto do inquérito das fake news no Brasil
O inquérito das fake news foi instaurado em 2019 pelo STF com o objetivo de investigar a disseminação coordenada de notícias falsas, ameaças e ataques contra ministros da Corte e contra o sistema democrático brasileiro. Desde então, o inquérito passou a abranger diversas figuras públicas, incluindo empresários, influenciadores digitais, jornalistas e políticos associados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos últimos anos, Alexandre de Moraes ganhou destaque como o principal responsável por decisões relacionadas ao combate à desinformação no Brasil. Ele tem autorizado bloqueios de contas em redes sociais, quebra de sigilo de investigados e remoção de conteúdos que, segundo o STF, ameaçam a ordem democrática, o processo eleitoral e a integridade das instituições.
No entanto, as ações do ministro têm gerado críticas por parte de juristas, políticos e ativistas de liberdade de expressão, que veem exagero nas medidas e denunciam possível censura prévia. A tensão entre o Judiciário e setores conservadores do Brasil — agora ampliada para o exterior — reflete uma disputa sobre os limites da atuação estatal no ambiente digital.
Impacto político e internacional da ação
A entrada de empresas estrangeiras no debate jurídico brasileiro chama atenção pela tentativa de internacionalizar a controvérsia envolvendo decisões do STF. Tanto a Trump Media, que é dona da rede social Truth Social, quanto a Rumble, uma plataforma de vídeos popular entre conservadores, têm se posicionado como defensoras da liberdade de expressão sem moderação, atraindo usuários banidos ou restringidos em outras redes.
Ao levar a disputa para tribunais dos Estados Unidos, as empresas buscam não apenas barrar os efeitos práticos das decisões brasileiras sobre suas operações, mas também criar um precedente político. Mesmo que a ação tenha poucas chances de prosperar judicialmente — já que tribunais americanos tendem a respeitar a jurisdição de cortes estrangeiras em seus próprios países —, o movimento pode servir como instrumento de pressão diplomática e alimentar narrativas contra a atuação do STF.
Resposta do STF e silêncio oficial
Até o momento, nem o ministro Alexandre de Moraes nem o Supremo Tribunal Federal se pronunciaram oficialmente sobre a ação nos Estados Unidos. O governo federal também não emitiu comentários a respeito do caso.
Especialistas em direito internacional observam que é incomum que magistrados de uma Suprema Corte sejam alvos de ações judiciais em outros países, especialmente por atos praticados no exercício da função jurisdicional. Caso o processo avance nos Estados Unidos, poderá abrir debates sobre jurisdição, soberania e o papel de plataformas digitais na política internacional.
Conclusão
A judicialização da atuação de Moraes fora do Brasil representa um novo episódio na crescente tensão entre o STF e grupos conservadores, tanto no país quanto no exterior. Com a digitalização do debate político, os conflitos jurídicos estão ultrapassando fronteiras, envolvendo diretamente empresas de tecnologia, tribunais estrangeiros e governos.
Independentemente do desfecho legal da ação, o episódio sinaliza que o embate entre liberdade de expressão e combate à desinformação seguirá sendo um dos principais desafios jurídicos e políticos da era digital — agora com repercussões além do território brasileiro.
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