Apesar da importância geopolítica e ambiental da escolha de Belém como sede, o evento enfrenta desafios significativos relacionados à infraestrutura urbana, capacidade hoteleira e custos logísticos. Nos últimos meses, diversas embaixadas estrangeiras expressaram preocupação com a limitação da rede de hospedagem na cidade e os altos preços cobrados por serviços locais. Essas dificuldades vêm gerando insegurança entre delegações internacionais, que avaliam a possibilidade de reduzir o número de participantes ou até mesmo cancelar a participação no evento, caso as condições não sejam adequadamente resolvidas.

A cidade de Belém, que possui cerca de 1,5 milhão de habitantes, ainda enfrenta problemas crônicos em áreas como mobilidade urbana, saneamento e segurança pública — fatores que podem influenciar diretamente na experiência dos participantes e na logística do evento. Diante desse cenário, tanto o governo federal quanto o estadual têm adotado uma postura proativa, anunciando uma série de medidas emergenciais para garantir que a conferência ocorra de maneira organizada, segura e compatível com os padrões internacionais exigidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre as ações anunciadas, estão os investimentos em reformas e ampliações na rede hoteleira, construção de estruturas temporárias para acomodar delegações, modernização do sistema de transporte público e melhorias em pontos turísticos e áreas de interesse estratégico. Além disso, obras de revitalização urbana e intervenções em vias principais estão sendo realizadas para facilitar o deslocamento dos participantes durante os dias da conferência.

“O Brasil tem o compromisso de realizar uma COP histórica, à altura da importância que a Amazônia tem para o planeta. Belém está se preparando com seriedade e dedicação para oferecer a melhor estrutura possível”, declarou um representante do Ministério do Meio Ambiente. Segundo o governo, os investimentos estão sendo feitos com base em estudos técnicos e em diálogo constante com entidades internacionais e com a sociedade civil local.

Para o governo do Pará, sediar a COP30 é uma oportunidade única de colocar a Amazônia no centro do debate global sobre mudanças climáticas. “Queremos mostrar ao mundo que é possível desenvolver a região de forma sustentável, com respeito às comunidades tradicionais, à biodiversidade e à justiça climática”, afirmou o governador do estado, que tem liderado iniciativas para engajar os municípios paraenses nos preparativos.

Entidades locais, ambientalistas e representantes de movimentos sociais também enxergam na COP30 um momento estratégico para ampliar a visibilidade da região e cobrar ações concretas de proteção ao bioma amazônico. Por outro lado, alertam que os benefícios do evento só serão efetivos se houver um legado duradouro para a população da cidade, como melhorias em infraestrutura, educação ambiental e inclusão social.

Enquanto a contagem regressiva para novembro avança, o desafio é conciliar a urgência das obras e ajustes com a complexidade de receber um evento de tamanha magnitude. A expectativa é que a COP30 em Belém não apenas cumpra seu papel como fórum internacional de negociação climática, mas também se torne um marco de transformação para a capital paraense e um símbolo da luta pela preservação da Amazônia.

Se todos os esforços forem bem-sucedidos, Belém poderá se consagrar como a cidade que levou a floresta para o centro das decisões globais sobre o futuro do planeta.