Lula desafia Macron em Paris e cobra proposta concreta da França para destravar acordo Mercosul-União Europeia
Durante visita oficial à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que está aberto ao diálogo sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, mas cobrou que a França, uma das principais vozes contrárias ao tratado, apresente uma alternativa concreta. Em declarações à imprensa em Paris, Lula afirmou que críticas isoladas não bastam: é preciso que os países europeus, em especial a França, proponham caminhos viáveis para avançar nas negociações.
“Se o presidente Macron tem objeções ao texto atual do acordo, ele deve apresentar uma proposta alternativa. O que não pode acontecer é continuar apenas rejeitando o que foi negociado sem colocar outra solução na mesa”, disse o presidente brasileiro.
França mantém resistência com base em preocupações ambientais
O acordo entre o Mercosul (formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia) e a União Europeia vem sendo negociado há mais de 20 anos e chegou a um entendimento inicial em 2019. Desde então, o processo de ratificação tem enfrentado obstáculos, especialmente por parte de países europeus que alegam preocupações com questões ambientais e com a competitividade de seus setores agrícolas.
A França, sob a liderança do presidente Emmanuel Macron, é um dos principais opositores ao formato atual do acordo. O governo francês defende que o tratado deve incluir cláusulas mais rigorosas relacionadas à preservação ambiental, além de mecanismos que garantam regras de comércio justo para os produtores europeus.
Brasil responde com compromisso ambiental e exige respeito
Em resposta, Lula afirmou que o Brasil está comprometido com o meio ambiente e que seu governo vem implementando ações concretas para reduzir o desmatamento na Amazônia, aumentar a fiscalização ambiental e promover fontes de energia limpa.
“O Brasil não aceita ser acusado injustamente. Estamos fazendo nossa parte, e queremos uma relação baseada em confiança, não em ameaças. A agenda ambiental não pode ser usada como pretexto para protecionismo”, afirmou Lula.
Segundo ele, o Mercosul está pronto para dialogar com os europeus, mas espera que as negociações sejam conduzidas com respeito e equilíbrio. “Não podemos aceitar imposições unilaterais. O acordo precisa ser justo para ambas as partes”, completou.
Acordo traria benefícios econômicos para os dois blocos
Apesar das divergências, muitos analistas defendem que o tratado entre Mercosul e União Europeia representa uma oportunidade econômica significativa para os dois lados. A expectativa é de que, com a redução de tarifas de importação e a facilitação do comércio, haja um aumento substancial nos fluxos comerciais e nos investimentos entre os blocos.
Além disso, o acordo é visto como uma forma de fortalecer a integração entre países em desenvolvimento e nações industrializadas, promovendo cooperação tecnológica e troca de conhecimentos em áreas como agricultura sustentável, energia renovável e inovação industrial.
Lula propõe nova governança global e maior protagonismo do sul
Durante sua agenda em Paris, Lula também aproveitou para defender uma reformulação nas estruturas de governança global. Para o presidente, as instituições internacionais precisam ser mais representativas e dar voz efetiva aos países do sul global.
“O mundo mudou, mas os espaços de decisão continuam concentrados nas mãos de poucos. É preciso que as nações em desenvolvimento tenham mais espaço para influenciar as decisões que afetam a todos”, declarou.
Essa posição tem sido uma constante nas recentes viagens internacionais de Lula, que busca recolocar o Brasil como um ator central nos debates multilaterais, principalmente em temas como justiça climática, desenvolvimento sustentável e combate à desigualdade.
Relação com a França busca nova etapa de cooperação
Apesar das tensões em torno do acordo comercial, o Brasil e a França têm uma relação histórica de cooperação, tanto em áreas comerciais quanto culturais e científicas. A visita de Lula a Paris também teve como objetivo estreitar laços com lideranças políticas e empresariais francesas, além de discutir oportunidades conjuntas em áreas como transição energética, inovação e meio ambiente.
O presidente brasileiro concluiu sua participação reforçando que o Mercosul não aceitará ser tratado com inferioridade nas negociações. “Queremos um acordo que traga benefícios reais, mas que respeite a soberania de nossos países. O tempo de relações assimétricas e de imposições já passou”, disse.
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